Cá estou de novo a preencher mais uma folha do log, e para tentar de uma forma sucinta vos transmitir aquilo que se passou ontem pelos mares de Sesimbra.
Nove da manhã, reunião no local habitual, e tal como nos fins de semana anteriores tivemos que recorrer a segunda embarcação devido ao elevado numero de mergulhadores, destino Cabo Espichel, dois spots na mira, eu com alguns candidatos a Advanced OW PADI, fiquei na popa do famoso River Gurara, o Alex e o António rumaram com os restantes mergulhadores para as paredes do cabo tendo ficado junto á falésia, e que segundo me transmitiram fizeram também um óptimo mergulho, na realidade as condições não poderiam estar melhores, mar parado, sem vento no inicio do mergulho, e visibilidade nos 25 metros.
Spot: Paredes do cabo, profundidade 16 metros, devido á existência de vários grupos o tempo de mergulho variou entre os 30 e os 50 minutos, este mergulho segundo os presentes teve como objectivo a contemplação do ambiente, na realidade é um mergulho que quando feito naquelas condições de visibilidade é fantástico, pois junto á falésia existem enormes blocos no fundo que se desprenderam dela outrora e dá um cenário de dimensão impressionante, faz-nos sentir pequenos, que o somos na realidade.
Relativamente á quantidade de vida presente, não foram tão sortudos, o que no entanto tem uma explicação, no caso duas, primeiro, maré baixa, muito baixa falamos de uma maré de lua com quatro metros de amplitude, nesta situação de maré o peixe tem tendência a afundar e afastar-se da costa, a outra razão foi a acentuada descida da temperatura, falamos de três graus a menos da temperatura de á duas semanas, o facto de estarmos sob a influencia de vento norte nestas duas ultimas semanas, traduziu-se no afastar das águas superficiais sujas e mais quentes, e no aproximar de águas do fundo mais limpas e frias, não esquecer que toda a costas de Sesimbra está virada a sul, daí o estarmos no "paraíso"quando o vento vem de norte.
Para terminar e ainda no que á quantidade de vida diz respeito, eles ainda observaram os habituais bodiões, sargos e safias e gostaria de referir o nudibranquio "vaquinha" (espécie pouco habitual) descoberto pela Cristina Conceição que apesar de ainda relativamente novata nestas andanças, vai dando provas do seu á vontade e entusiasmo por este nosso mundinho azul.
Spot: Popa do River Gurara, profundidade máxima atingida 23 metros, tempo de mergulho, primeiro grupo 35 minutos, segundo grupo 55 minutos, neste mergulho fizemos o habitual trajecto de contornar a estrutura de maiores dimensões indo contemplar o massivo motor que equipava aquele que foi um cargueiro com quase 200 metros de comprimento, acabámos por não visitar um exlibris o hélice também ele massivo, mas a quantidade de gas restante nalgumas garrafas não o permitiu fazer, na realidade teríamos de ter gás suficiente para regressar ao ferro do barco, subir lentamente e fazer a habitual paragem de segurança de 3 minutos aos 5 metros e atingir a superficie com pelo menos 50 bar, e estamos a falar que o dito hélice está na parte mais distante do local onde poitámos o semi-rígido (mais próximo de costa).
Vida: ao chegar ao fundo começámos logo a ver alguns cardumes de sargos que ora se escondiam debaixo das contorcidas e ferrugentas chapas, ora saíam e fugiam no imenso azul que nos rodeava, logo mais á frente um pequeno cardume de salmonetes "pousado"no fundo e que rapidamente fugiu á nossa aproximação, já na grande estrutura pronto a nos receber estava um enorme "balão-de-Sto-António" um bodião (ou margota) vermelho escuro e salpicado de pequenas manchas brancas que ao considerar pequena a distância que nos separava dele, volatilizou-se no interior da massa de ferro, pouco a baixo do local onde ele "repousava" saíam duas antenas,como que a querer sintonizar tudo o que se passava cá por fora e pertencentes a uma pequena lagosta, continuámos o nosso percurso e após pequenas "inscrições" com o dedo no costado do naufrágio, lá prosseguimos para logo começarmos a ser seguidos por um pequeno grupo de grandes saimas que nos observavam a 3 ou 4 metros acima das nossas cabeças, cinco magníficos exemplares sempre presentes neste ambiente, para terminar, não poderia deixar de fazer referência ao cardume "em bola" de fanecas, muito bonito, a fazer lembrar os cardumes mais coloridos das águas do Indico, enfim, este mergulho apesar de também não ter muita vida numa pequena área, tinha muita coisa para ver para alem do naufrágio pois o nosso campo de visão era bastante amplo.
Segundo mergulho, spot: cabo Afonso, profundidade máxima 14 metros, visibilidade 5 metros, pouco a salientar pois estivemos a dar formação de Open Water (eu) e Rescue (Alex), relativamente a espécies presentes também pouco a referir para além da grande quantidade e beleza dos imensos nudibranquios que vagueiam por cima de todas aquelas pedras.
Obrigado e até quinta, senão nos encontrarmos antes.
Tz
Fotos: Carlos Monteiro.
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