Começa a ser habitual fazermos excelentes mergulhos, e felizmente, só muito raramente vem um mergulho de pior qualidade, penso que terá a ver com muitos factores, mas os principais serão sem duvida o facto de a reserva estar a dar os seus "frutos" e de uma forma absolutamente fantástica.
Tem sido bastante claro para todos nós, que a quantidade de biomassa aumentou de uma forma exponencial desde a implantação do Parque Marinho Prof. Luís Saldanha, o que se calhar não esperávamos era começar a observar exemplares adultos tão frequentemente, e na quantidade que temos observado, exemplares arredados das nossas águas há décadas.
O mergulho de ontem não foi excepção, com rumo inicial ás "Paredes do Cabo" e ao spot "Portas do Mosteiro" em particular, rapidamente pudemos verificar que a ondulação/fola que se fazia sentir, iria também diminuir em muito o nosso conforto, pois no fundo seria muito semelhante ao que se sentia á superfície, quase nem chegámos a parar e logo rumámos á "Baralha" na Baleeira, um spot clássico utilizádo por nós, e por muitos mergulhadores há muitos anos.
Divididos em 3 grupos e liderados por 3 Instrutores, lá fomos a mais um mergulho, o Alex levou o maior grupo e fez o percurso que é habitual fazermos, sempre com muito bons resultados como podem verificar pelas fotos do Cláudio Dias, e pela felicidade espelhada no rosto dos que o acompanharam. O destaque que deu que falar foi sem duvida a raia (
Raja Undulata) de dimensões muito pouco habituais.
O Carlos Monteiro, para não variar, esteve envolvido num mergulho
D.U.P. (Digital Underwater Photography) que tanta procura tem tido, e com resultados absolutamente incríveis por parte dos participantes.
Last but not Least, eu, sobrou para mim aquilo que mais gosto de fazer,
Fish ID, este mergulho escolhido pela nossa querida Cristina Conceição para completar os 5 mergulhos do seu curso de
Advanced O.W. PADI, foi acompanhado pela não menos querida Elia Correia, que após ter completado o seu curso
D.U.P. PADI não mais largou a sua máquina digital, e com resultados muitíssimo bons, e que vocês têm podido observar ultimamente em muitas rubricas "logbook" deste vosso/nosso blog.
Por termos este objectivo (observar e identificar muitas espécies) decidi rumar a uma "estação de limpeza" que conheço há muitos anos, e que já muitos excelentes avistamentos proporcionou, e em especial dos sempre muito desejados Peixe Lua, referência que fiz no Briefing pré mergulho (por estarmos já na altura do ano em que é mais comum surgirem), isto apesar de a maré não ser a mais favorável, pois até isso é importantissimo, em especial quando temos em vista observar uma espécie pouco comum ao longo da costa (não neste spot) como é esta.
Rumámos então aquele local mágico, onde as espécies de maior porte se deixam observar imóveis, enquanto os pequenos "limpadores" fazem o seu trabalho, basicamente, não fazem mais do que se alimentarem, ao mesmo tempo que libertam de parasitas todos os seus "clientes", que assim saem com a higiene feita, e se mantêm mais saudáveis livres dos desagradáveis intrusos, numa simbiose perfeita Limpador/"Cliente".
Ao chegarmos ao "hot spot" as minhas "alunas" cumpriram rigorosamente as minhas directrizes dadas no briefing, e mantiveram a distância recomendada de 4 metros para o "plateau" onde a limpeza tinha lugar, é muito importante respeitar estes locais tão importantes (cruciais mesmo) para a vida marinha, e que vimos serem devassados tantas vezes, por redes que não respeitam nada nem ninguém e que destroem tanta vida marinha de uma forma tão cruel e nada selectiva.
Por ter alunas tão disciplinadas e cumpridoras senti-me ainda mais na obrigação de as presentear com o melhor espectáculo que o meio marinho pode oferecer, e como conheço o local exacto para ficar a ver esse tão belo "filme", assim fizemos, completamente imóveis ficámos a contemplar um frenesim absolutamente indescritível, com um grande cardume de enormes Taínhas a rodar e parar como se de um carrossel se tratasse, Margotas (Bodiões grandes) completamente imóveis numa posição vertical eram livres de parasitas por aqueles pequenos e incríveis peixes que não paravam de limpar as guelras, boca, e escamas dos visitantes daquele local tão único e especial .
Decidi aguardar, pelo menos tanto tempo quanto os nossos computadores e gás permitissem sem comprometer o regresso a terra em plena segurança, foram 12 minutos de pleno prazer de contemplação de tão belo cenário, e aguardei pois tinha quase a certeza que iríamos ser recompensados pela espera, certeza essa dada pelos dois enormes Pargos (Um enorme Capatão
Pagrus pagrus e um Sémia
Pagrus auriga) que nos brindaram com a sua presença logo no inicio da chegada ao fundo quando nos dirigíamos para a "Estação", vindo eles dessa direcção, rapidamente pensei que a maré ainda não tinha descido o suficiente para afastar os grandes peixes, e bem dito bem feito, passados poucos minutos e eu sempre com grande atenção para a meia-agua, para rapidamente avistar o tão desejado Peixe-Lua (
Mola-Mola) que provocou de imediato um sorriso nas míudas que nem o maior 2º andar de regulador conseguiria esconder, missão cumprida, pensei, ao mesmo tempo que lhes vou apontando para a infinidade de espécies que nos rodeavam, de onde destaco também uma gigante Santola
Maja brachydactyla e que para mim quase esvaziou de significado o aparecimento daquele grande peixe tão desejado pelas minhas Buddies.
Nós como mergulhadores temos o dever de contribuir para a informação e divulgação da preservação de um meio tão belo e que nos é tão importante.
Mas o domingo, não foi só o mergulho da "Baralha", foi também o completar de mais uns cursos que terão direito a um post exclusivo, e ao continuar da formação de
Rescue Diver PADI, para o qual não posso deixar de agradecer aos participantes que tiveram muita firmeza, empenho e uma grande força de vontade para superar os desafios que lhes fui colocando, alguns de uma grande complexidade mas que após algumas tentativas, todos conseguiram atingir um excelente nível, o meu (e de toda a equipa DEEPDIVE) muito obrigado, ao Vitor, Ana Marcolino, Pedro e Susana Jesus e Fernando Trindade.
Fotos de : Claudio Dias e Elia Correia.
